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Representações da Síndrome de Munchausen por Procuração em Séries

Atualizado: 20 de jan. de 2020


No dia 27 de setembro a Netflix lançou a série The Politician, que conta a história das aspirações políticas de Payton Hobart, um estudante rico de Santa Barbara.

Ao assistir o segundo episódio descobrimos que uma das personagens - Dusty, interpretada por Jessica Lange - tem síndrome de Munchausen por Procuração, o que me remeteu a duas outras séries atuais (The Act, 2019 e Objetos Cortantes, 2018) que também falam sobre a síndrome. A partir disso, comecei a analisar como essas três séries, de gêneros extremamente diferentes, retratam essas personagens.

A síndrome de Munchausen por Procuração é uma doença mental variante da síndrome de Munchausen - indivíduos que fingem ou causam a si mesmo doenças ou traumas psicológicos para chamar atenção ou simpatia a eles -, que consiste em um abuso infantil onde os cuidadores (sejam mães, pais, avós ou apenas um cuidador) provocam de forma deliberada, ou informam falsamente, a existência de alguma doença em crianças como forma de chamarem atenção para si mesmos.

Começando por Objetos Cortantes (2018), um suspense psicológico sobre uma repórter, Camille Preaker (Amy Adams), que retorna à sua cidade natal para cobrir os assassinatos de duas meninas pré-adolescentes. Aqui temos uma representação diferente das demais: a personagem Adora Crellin (Patricia Clarkson), uma socialite, mãe autoritária de Camille e Amma, que manifesta a síndrome através da manipulação com as filhas. O que ela busca é ter alguém para cuidar, sendo extremamente possessiva, mas sempre com pose de boa moça e mãe preocupada. Em consequência disso, suas filhas acabam passando por sérios problemas psicológicos, até mesmo Camille, que sempre renegou os afetos da mãe.

Em The Act (2019), uma série de drama criminal, temos a dramatização da história real de Dee Dee e Gypsy Rose, baseada no artigo “Dee Dee Wanted Her Daughter To Be Sick, Gypsy Wanted Her Mom Murdered" (Dee Dee queria sua filha doente, Gypsy queria a sua mãe assassinada) de Michelle Dean. Diferente de Adora, vemos que Dee Dee (Patricia Arquette) busca de certa forma, bens materiais e fama, visto que a série já começa com a personagem e a filha Gyspsy (Joey King) num programa de televisão, como se já fossem figuras conhecidas, falando sobre seus cuidados, a linda casa rosa que ganharam, entre outros assuntos. Sempre parecendo uma linda história de superação. “Nunca salvei Gypsy. Ela me salvou” diz a mãe em uma entrevista. Sobre como isso afetou a filha? É um caso bem diferente, e retratado com muito drama. O sonho de Gypsy é ser uma menina “normal”, ter suas próprias escolhas, pois passou parte da vida se vestindo e fazendo tudo o que sua mãe queria. Ao descobrir que foi enganada, vemos o desenrolar de uma eminente revolta contra Dee Dee. Muitos já devem conhecer o caso, mas vou parar por aqui caso alguém não conheça e queira se surpreender com a série.

E por último, em The Politician (2019), uma comédia musical. Temos uma clara caricatura de Dee Dee e Gypsy, visto que a forma como Infinity (Zoey Deutch) é tratada pela avó Dusty (Jessica Lange), e o que ela busca com isso (a fama e bens materiais), é igual. Já o final do arco é otimista. Infinity tem muito menos cicatrizes que as demais personagens citadas aqui, pois apesar da revolta inicial ao descobrir que não tem câncer de verdade, sua vingança não passa de uma chantagem contra a avó. E depois de um tempo, ela consegue construir uma vida tranquila, sendo a infantilidade e a inocência, as principais consequências do abuso.


Caso queiram assistir às séries, The Politician está disponível na Netflix, Objetos Cortantes na HBO GO, e The Act, infelizmente ainda não foi lançada em plataformas brasileiras.

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