A crise do Facebook revela a nossa fragilidade frente às redes sociais
- Labcom Univap
- 25 de mar. de 2019
- 3 min de leitura
Texto coletivo do Labcomprofissa¹

As últimas notícias sobre o vazamento de dados dos usuários do Facebook pela consultoria Cambridge Analytica trouxeram alguns questionamentos para o debate sobre o futuro das redes sociais: estamos preparados para lidar com a quantidade de informações que expomos por meio delas? O usuário final é, no fim das contas, o principal responsável pela gestão do seu conteúdo? Essa última ideia aparece principalmente na fala do fundador da rede, Mark Zuckerberg, quando tenta explicar o episódio em entrevista para a imprensa americana e lembra que o usuário deve ter responsabilidade sobre o quê e como compartilha seus dados. (El País) O diretor de tecnologia do Facebook, Mike Schroepfer, admitiu, no dia 4 de abril, que 87 milhões de contas foram afetadas pelo vazamento de dados da Cambridge Analytica. A maioria delas são de norte-americanos, que representam 81,6% (70.632.350 no total). O número de afetados no Brasil foi de 443.117 mil contas. O vazamento de dados do Facebook gerou o movimento #deletefacebook, que contou com a participação de Brian Acton, cofundador do WhatsApp, vendido para o Facebook em 2014, pela quantia de U$16 bilhões.
O movimento incentiva usuários a abandonarem a rede social, acusada de compartilhar dados essenciais para campanhas eleitorais, dentre elas a dos Estados Unidos, com a vitória polêmica de Donald Trump nas eleições de 2016.
No Brasil, a questão da segurança na internet relacionado ao compartilhamento e usos de dados já vem sendo discutido há bastante tempo. Como resultado, temos as leis que regulamentam crimes cibernéticos. Uma delas ganhou o apelido de Lei Carolina Dieckmann, porque o projeto foi elaborado na época em que fotos da atriz foram espalhadas pela internet, e procura discutir condutas no mundo on line (invasão de computadores, roubo e/ou furto de senhas e de conteúdos de e-mails e a derrubada intencional de sites). Ainda assim, há quem diga que as leis são insuficientes para proteger as pessoas de crimes virtuais. O caso do facebook é emblemático e aponta a nossa fragilidade nas redes. Diante deste cenário, vale a análise do caso a partir do que dizem os estudiosos da área. O teórico Guillermo Orozco-Gómez, em sua pesquisa denominada “Os meios de comunicação de massa na era da internet”, discute quais são os limites da liberdade de ação na web.
Segundo ele, ao mesmo tempo em que o fluxo de informações rápido e de fácil acesso pode proporcionar um olhar mais crítico nas pessoas, existem movimentos nesse meio que julgam que nem todos têm a capacidade de criar seus próprios critérios e fazer seleções. Orozco-Gomez sugere que, enquanto usuários, precisamos aprender a discernir o que é válido e útil de ser compartilhado de forma inteligente, para agirmos contra as ações da internet que buscam utilizar dados para cometer crimes.
Neste contexto, os comunicadores têm responsabilidade redobrada, uma vez que são influenciadores diretos da sociedade e carregam o poder de orientá-la como lidar com informações e dados privados. É papel da comunicação – e da pesquisa em comunicação – ampliar as discussões sobre a esfera pública e o que pode ser compartilhado nela com segurança, levantando o debate sobre o uso responsável das novas tecnologias.
A dica é sempre tomar cuidado com o que posta, não salvar senhas em equipamentos compartilhados; evitar informações bancárias, dados de documentos e uso da computação em nuvem em dispositivos que não possuem segurança. Também é bom ficar atento a e-mails e informações falsas na rede que podem ser alguma forma de acessar seu computador e, por conseguinte, seus dados.
¹Participaram da elaboração deste texto Milena Bento, Milena Peres, Yan Bertone, Yasmin Mariotto e Kátia Zanvettor. O Labcom profissa é um projeto do Labcom Univap com ênfase em produção de conteúdo na área de comunicação.
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